VEJA: “YES, nós temos Highschool”


Uma novidade que vem se espalhando nas escolas de ensino médio do Brasil se destina a garantir aos jovens o inglês afiado que o mundo de hoje exige e facilitar – e muito – o ingresso numa universidade no exterior. Trata-se do programa high school, criado pela Texas Tech University, dos Estados Unidos, e atualmente oferecido em 25 escolas de dezenove cidades brasileiras. O high school nada mais é que a transposição do ensino médio americano para as escolas brasileiras. Funciona assim: durante a manhã, os alunos cursam normalmente a escola, com currículo brasileiro. À tarde, de duas a três vezes por semana, voltam à escola e seguem o currículo americano. Aprendem dezessete disciplinas, como inglês, literatura, redação e história – tudo em inglês, como se estivessem numa escola dos Estados Unidos. Familiarizam-se com os discursos de Abraham Lincoln e de Martin Luther King e mergulham na obra de Shakspeare.

Os alunos do high school brasileiro, que pagam em média 400 dólares mensais, terminam o curso com a habilitação necessária para concorrer a uma vaga nas universidades americanas. Um brasileiro que só tenha estudado pelo currículo nacional e queira frequentar uma universidade americana precisa prestar o Toefl, que é o teste de conhecimento do idioma inglês. Dependendo da faculdade escolhida, ele também terá de cursar matérias complementares. Fazer o terceiro grau no exterior é o plano idealizado pela pernambucana Maria Isabel do Nascimento para sua filha Natália, de 15 anos, que cursa o high school no Colégio Damas, do Recife, “Quero que Natália vá morar fora e, com esse curso, ela terá mais portas abertas”, diz. A primeira turma de high school do colégio Dante Alighieri, em São Paulo, se formou no ano passado. “O interesse dos pais e alunos pelo curso é tão grande que tivemos de abrir mais turmas e ainda assim não damos conta da demanda”, diz Rossella Beer, coordenadora desse setor no colégio. “Não preciso mais de legendas para assistir a filmes em inglês e, quando falo com um estrangeiro, sempre dizem que não tenho sotaque de brasileiro”, diz Daniel Rocha Ruiz, 17 anos, recém-formado no high school do Dante.

Todos os professores do high school brasileiro devem ter nascido e cursando a universidade em países de língua inglesa. A texas Tech University é responsável pelo treinamento desses professores e também pelo material didático. As provas e avaliações são enviadas aos Estados Unidos para que a equipe de lá faça as correções e dê as notas. Por exigência da secretaria de educação do Texas, os alunos precisam realizar doze provas durante o curso, para garantir que têm domínio das matérias ensinadas. Esse é o mesmo processo de avaliação pelo qual passam os estudantes de ensino médio no Texas.

O programa high school dura três anos – o nono do ensino fundamental e primeiro e o segundo do ensino médio. Os alunos têm o terceiro ano livre para se dedicar aos estudos para vestibular. Mas só conseguem diploma americano se concluírem e forem também aprovados no ensino brasileiro. Ao fim do último ano, caso atinjam as notas adequadas, os alunos recebem dois diplomas, um brasileiro e um americano. “O diploma americano facilita a entrada também em universidades europeias”, ressalta Rogério Abaurre, coordenador da Texas Tech University no Brasi. A cerimônia de formatura segue o modelo das escolas americanas – os alunos vestem beca e cantam o hino dos Estados Unidos. O estudante de terceiro ano Vitor Cainé, 16 anos, que fez high school no colégio Magno, de São Paulo, sonha alto: ele quer cursar engenharia aeronáutica no prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O MIT também é objetivo de seu colega de turma Rafael Palmério, que pretende cursar engenharia mecânica. “Com tudo que aprendi, já me sinto de malas prontas”, ele se anima.

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