O novo ensino médio e suas mudanças
Prevista em lei sancionada há cinco anos, a implantação do Novo Ensino Médio começa a entrar em prática neste ano em escolas públicas e particulares de todo o Brasil. A principal mudança está na elaboração de uma Formação Geral Básica mais focada em aprendizagens fundamentais da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e a oportunidade dos alunos escolherem em quais áreas do conhecimento desejam se aprofundar, considerando seus interesses e vocação, os chamados Itinerários Formativos (IFs).
Com a cultura e o foco no acúmulo de um conhecimento acadêmico, voltado à aprovação em vestibulares, há décadas o Ensino Médio Brasileiro amarga altos índices de evasão, uma vez que essa etapa da educação básica, em suas propostas, não dialoga com os anseios de grande parte dos jovens da sociedade brasileira, ou com conteúdos atuais e relevantes para atender às demandas desse tempo.
Daqui para frente as escolas precisam seguir parâmetros e orientações específicas. A Especialista em Educação da FourC Bilingual Academy, Leilany Arruda, explica que as escolas que não tinham muito conhecimento dos interesses de seus estudantes, ou que não contavam com trabalhos consistentes de escuta ativa e orientação vocacional, precisaram criar estratégias para levantar essas demandas. Com esses dados em mãos, elas devem partir para a análise de suas próprias vocações, surgindo perguntas como: com qual infraestrutura contamos para esses novos projetos? Quais potencias de nossos profissionais podem ser melhor explorados em um itinerário formativo? O que precisaremos buscar no mercado para concretizar experiências de aprendizagens relevantes e que atendam ao projeto que estamos esboçando? Para a Especialista, todo esse esforço resulta em oferecer as melhores experiências de aprendizagem aos alunos, alinhadas ao projeto pedagógico de cada instituição.
Quando questionada sobre os possíveis resultados, Leilany pondera que o complexo contexto brasileiro, que é repleto de desigualdades, e a individualidade de cada instituição, faz com que os resultados dessa política pública variem muito, mas a cultura do ‘aluno protagonista’ pode trazer benefícios significativos aos alunos das escolas que tiverem condições de levar a sério a missão de ressignificar suas práticas de aprendizagem.
Na FourC Bilingual Academy
A especialista conta que o projeto pedagógico da FourC Bilingual Academy nasceu há 13 anos baseado em rupturas com padrões “conteudistas e enciclopédicos” e a escola vem, desde então, fazendo educação por caminhos diferentes, para se alcançar resultados diferentes. “Ao promover uma educação integral – e em tempo integral – que busca desenvolver habilidades e competências fundamentais para que os alunos respondam aos seus desafios desse tempo com protagonismo, pensando seu próprio projeto de vida, temos formado estudantes não só para o vestibular, mas para o dia seguinte desse, ou seja, para a vida!”, comentou Leilany.
A escola já tinha dentro da sua metodologia práticas que dialogavam com algumas dessas propostas, como opções para o aluno se aprofundar em determinadas áreas, aulas interdisciplinares que proporcionam o desenvolvimento de habilidades importantes para toda a vida e outras oportunidades como orientação vocacional e empreendedorismo, em que se trabalha o projeto de vida dos alunos.
“A FourC sempre teve a cultura de escuta dos alunos e também acredita no aprendizado de forma prática, apoiando o desenvolvimento das múltiplas inteligências, habilidades do século XXI e funções executivas, aprendizagem por meio de projetos, laboratórios, oficinas, olimpíadas e aulas interdisciplinares. Acreditamos no empoderamento do aluno para desafiar-se em busca de ampliar sua visão de mundo e, com isso, desenvolver diversas habilidades que vão além da sala de aula”, destacou a Diretora de Ensino, Juliana Storniolo.
A Coordenadora Pedagógica do Ensino Médio, Suelen Batista explicou que, na implantação do Novo Ensino Médio, os alunos da 1ª série do Ensino Médio tiveram uma semana de adaptação, em que puderam conhecer os Itinerários Formativos que a escola oferece e os tipos de oficinas, workshops ou disciplinas que compõem cada Itinerário. Assim, eles foram recebendo apoio da coordenação, dos professores e do psicólogo vocacional para fazerem suas escolhas.
“Essas mudanças são obrigatórias somente para a primeira série do ensino médio em 2022. Em 2023, incluem a segunda série e até 2024 todo o ensino médio deverá operar no novo formato”, esclareceu a coordenadora.
Mudanças curriculares
Com a mudança, a composição das matrizes curriculares do Novo Ensino Médio passa a ter duas partes: a Formação Geral Básica (FGB), contemplando as áreas do conhecimento obrigatórias no currículo e comuns a todos os estudantes e que estão apresentadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e os Itinerários Formativos (IFs) que envolvem as áreas de escolha e aprofundamento do aluno.
As áreas do conhecimento que compõem a FGB são linguagens e suas tecnologias (Artes, Educação Física, Língua Inglesa e Língua Portuguesa), Matemática e suas tecnologias, Ciências da Natureza e suas tecnologias (Biologia, Física e Química) e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (Filosofia, Geografia, História e Sociologia).
Já os IFs deverão aprofundar uma das quatro áreas do conhecimento, ou integrar duas áreas. As escolas com formação técnica e profissional podem também ofertar itinerários dessa natureza. A lei prevê que cada escola ofereça, pelo menos, duas opções para os alunos escolherem uma.
Toda essa mudança impacta também a carga horária de todas as escolas, que antes se restringiam a 2.400 horas ao longo dos 3 anos de formação e agora passam para mínimo de 3.000 horas. Na prática, o tempo de aula era de, em média, 4 horas por dia. Agora, passará a 5 horas diárias. Somados os três anos de Ensino Médio, a FGB deve ocupar, no máximo, 1800 horas (60% do currículo), enquanto os IFs terão, no mínimo, 1.200 horas (40% do currículo).
Projeto de vida
Outra mudança fundamental é a exigência do chamado “projeto de vida”. Trata-se de uma forma de ajudar os alunos a identificarem suas aspirações. Ou seja, ele analisará o que pretende para seu futuro pessoal e profissional e as disciplinas do Itinerário Formativo deverão ajudá-lo nesse processo de autoconhecimento.
O impacto das mudanças
A nova lei muda os objetivos do Ensino Médio no Brasil. O desenvolvimento de habilidades socioemocionais, por exemplo, será consideravelmente ampliado. O estudante terá maior possibilidade de trabalhar liderança, independência, autoconfiança, senso de responsabilidade, resolução de conflitos, além de outras habilidades. A proposta é preparar o jovem para a vida adulta, assim como para compreender suas aspirações pessoais.
“O que está na Lei não é algo novo porque reflete um anseio que víamos na sociedade. As políticas públicas, porém não sei feitas no papel, em forma de decretos, mas materializadas no dia a dia de cada instituição. Esperamos que as escolas aproveitem o momento para pensar profundamente em suas funções sociais, nas necessidades dos jovens, da sociedade e do mercado. Que aproveitemos o momento para pensarmos como queremos contribuir para o futuro de nossa sociedade”, pondera Leilany.
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